Sobre o Jamii Asilia Centre

O Jamii Asilia Centre (Centro dos Povos Indígenas em Swahili) é uma organização sem fins lucrativos liderada por jovens indígenas, fundada para proteger e promover os direitos dos Povos Indígenas no Quénia. Sob a liderança do director executivo Carson Kiburo, o JAC trabalha directamente com os Endorois e outras comunidades indígenas na defesa dos direitos humanos, preservação cultural e combate aos efeitos da deslocação forçada.

A experiência do JAC inclui documentação audiovisual com anciãos Endorois sobre a história do povo, ritos de passagem culturais, histórias orais e o impacto da expulsão das terras ancestrais. A organização implementou também um projecto de protecção do património cultural com jovens e mulheres indígenas Endorois, partilhando práticas ancestrais de soberania alimentar indígena aplicáveis às condições agrícolas actuais.

A liderança do JAC contribui para políticas e defesa dos povos indígenas em estruturas como o Fórum Permanente da ONU, CBD e UNFCCC.

O JAC convocou o primeiro Fórum da Juventude Indígena do Quénia em 2021 e continua a oferecer capacitação aos coordenadores da Rede da Juventude Indígena do Quénia. O trabalho do JAC desenvolveu a capacidade e auto-determinação das mulheres Endorois e outras mulheres indígenas, facilitando formação e papéis de liderança em programas de subsistência sustentável.

Global Wisdom Collective

O Global Wisdom Collective apoia comunidades indígenas e em risco na preservação dos sistemas de conhecimento dos seus povos. O GWC serve como ponte para sociedades indígenas, para que a ligação humana à nossa Terra tenha voz e seja protegida de forma a honrar a integridade de todas as comunidades.

O Global Wisdom Collective trabalha com comunidades indígenas e diáspora para construir programas intergeracionais de partilha de conhecimento e apoiar consultoria estratégica, de design e organizacional para comunidades que procuram proteger sistemas de conhecimento indígena. O Global Wisdom Collective trabalhou no Sri Lanka, África do Sul, Nepal, Gana e com populações indígenas e da diáspora nos Estados Unidos.

O GWC tem-se associado a organizações para criar aquilo que por vezes é o seu primeiro programa de transmissão intergeracional de conhecimento centrado na protecção do património cultural. Exemplos incluem:

⊃ A Aldeia de Palagama no Sri Lanka
⊃ Os sistemas de conhecimento agrícola dos refugiados Khmer acolhidos no estado de Washington
⊃ Os sistemas médicos tradicionais da China

O trabalho do GWC contribui para aumentar a consciência sobre o valor dos sistemas de conhecimento indígena para a crise climática e para as populações diáspora que procuram reencontrar-se com as suas raízes.

A parceria

A Nossa Parceria

Preservar Conhecimento Ancestral num Momento Crítico

A nossa parceria com o Jamii Asilia Centre nasceu do reconhecimento da urgência em preservar o património cultural e ecológico do povo Endorois. Esta comunidade integrou os ecossistemas dos Condados de Baringo e Laikipia do Quénia durante mais de meio milénio, ao longo do qual desenvolveu sistemas de conhecimento intrinsecamente ligados a este território e à sua biodiversidade. Contudo, a deslocação forçada de 1973 para a criação de uma reserva natural e os crescentes impactos das alterações climáticas ameaçam a continuidade deste conhecimento insubstituível.

A colaboração entre estas duas organizações resultou numa sinergia transformadora: o compromisso do Jamii Asilia Centre com as comunidades indígenas locais combina-se com a experiência do GWC na preservação digital do conhecimento tradicional. Esta parceria culminou no programa “Revitalizar as Raízes: Bikaptorois“, uma iniciativa pioneira para documentar e transmitir o conhecimento dos anciãos Endorois às gerações mais jovens.

O programa surgiu de um processo de consulta alargada com líderes comunitários Endorois, incluindo o Endorois Welfare Council e a Endorois Indigenous Women Empowerment Network. As comunidades expressaram preocupação com a perda acelerada de língua, práticas culturais e conhecimento ecológico, particularmente à medida que os anciãos mais velhos — guardiões de tradições centenárias — começavam a falecer sem que o seu conhecimento fosse documentado.

A nossa abordagem para apoiar esta iniciativa baseou-se no reconhecimento da soberania indígena e na importância da documentação liderada pela comunidade. Em vez de trazer especialistas externos para “estudar” e extrair conhecimento Endorois, o programa capacita jovens Endorois com as ferramentas e formação necessárias para documentar as práticas dos seus próprios anciãos, garantindo assim que o processo honra os protocolos culturais e as perspectivas da comunidade.

A iniciativa reconhece também que a preservação cultural não é um exercício estático ou puramente académico, mas sim um processo vivo que fortalece a identidade comunitária e dá ferramentas práticas para enfrentar desafios contemporâneos. O conhecimento ecológico Endorois sobre biodiversidade, gestão da água e plantas medicinais tem relevância directa para a adaptação às mudanças climáticas que a região enfrenta.

Criar Redes para Apoiar a Mudança Liderada pela Comunidade

Como parte do nosso compromisso com a amplificação de vozes indígenas, facilitámos a presença do Jamii Asilia Centre e do GWC em plataformas internacionais onde puderam partilhar a sua visão. Em Abril de 2024, co-organizámos um evento paralelo durante o Fórum Permanente da ONU sobre Assuntos Indígenas, centrado na partilha da experiência do Revitalizar as Raízes e estratégias de transmissão intergeracional de conhecimento nas comunidades indígenas.

Em Fevereiro de 2025, apoiámos a participação de Carson Kiburo na Conferência Global de Financiadores Internacionais para Povos Indígenas em Naivasha, Quénia, onde teve a oportunidade de apresentar o trabalho inovador do Jamii Asilia Centre e as lutas do povo Endorois. Esta plataforma permitiu-lhe não só partilhar a visão do Jamii Asilia Centre com potenciais apoiantes, mas também aprender com outras iniciativas lideradas por comunidades em todo o mundo.

Estas experiências internacionais servem um propósito estratégico: em vez de falar pela comunidade, estes fóruns permitem que estes líderes Endorois representem directamente os seus interesses junto de instituições que influenciam políticas globais sobre ambiente, cultura e direitos humanos. O conhecimento adquirido e as redes que são criadas vão beneficiar a comunidade inteira.

Também apoiámos a participação de Carson no Mecanismo de Peritos da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas em Genebra, Suíça, onde pôde apresentar como o incumprimento da Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas afecta o bem-estar da sua comunidade e partilhar estratégias para implementar decisões judiciais que o governo queniano não cumpriu.

IMPACTO

Apoie

O povo Endorois tem séculos de sabedoria acumulada sobre o ecossistema do Lago Bogoria. Este conhecimento – testado e refinado através de gerações – oferece soluções práticas para uma vida sustentável que se estende além da preservação cultural para abordar desafios ambientais prementes.

O Jamii Asilia Centre está na intersecção dos direitos indígenas, preservação cultural e desenvolvimento sustentável. O trabalho do Jamii Asilia Centre abrange várias áreas críticas:

⊃ Defesa dos direitos humanos para a implementação da decisão histórica da Comissão Africana
⊃ Estratégias de adaptação às alterações climáticas baseadas no conhecimento ecológico tradicional
⊃ Capacitação dos jovens através de uma ligação significativa à identidade cultural
⊃ Desenvolvimento de liderança feminina em iniciativas comunitárias

Para apoiar estas organizações:

Visite o site do Jamii Asilia Centre e do Global Wisdom Collective e saiba mais sobre os seus projectos
> Faça uma doação directa e ajude estas organizações a poder continuar a responder às suas prioridades auto-determinadas
> Partilhe a história dos Endorois e os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas no Quénia
> Explore oportunidades de parceria ou colaborações que respeitem a liderança e auto-determinação indígenas

O seu apoio fortalece não apenas a continuidade cultural, mas também a soberania indígena.

Num mundo que reconhece cada vez mais que a soberania indígena oferece caminhos para a sustentabilidade ambiental e para a prosperidade comunitária, apoiar organizações de base comunitária indígena é um imperativo moral e também uma necessidade prática.

Através de organizações como o JAC e o GWC, a sabedoria tradicional encontra novos caminhos de expressão e aplicação para enfrentar os desafios globais que partilhamos.

— Junte-se à Rede do JAC —