No Lago Bogoria, celebrámos o conhecimento e identidade do Povo Endorois
A equipa da Azimuth acaba de regressar de uma viagem de cinco dias ao Quénia, onde foi recebida pela comunidade Endorois.
Esta viagem ao Lago Bogoria, terra ancestral do povo Endorois, partiu de um convite de Carson Kiburo e Dominica Zhu, líderes das organizações Jamii Asilia Center (JAC) e Global Wisdom Collective (GWC). Um convite que nos deixou muito sensibilizados, e que se segue ao evento paralelo que organizámos em conjunto durante a edição de 2023 do Fórum Permanente das Nações Unidas para Questões Indígenas, em Nova Iorque.
Crédito: Global Wisdom Collective & Jamii Asilia Centre
A JAC e a GWC têm vindo a colaborar no desenvolvimento e implementação do projeto «Revitalize the Roots: Bikap Torois», financiado pela Azimuth. Um projeto que é um dos ramos da inciativa Revitalize the Roots, criada pela Global Wisdom Collective tendo em vista a preservação do conhecimento indígena. Bikap Torois (que significa Povo de Torois), foi o nome escolhido para este capítulo, desenvolvido em colaboração com a Jamii Asilia Centre, organização criada por jovens indígenas do Povo Endorois. Desde 2023, as duas organizações têm procurado «desenvolver e implementar um modelo de revitalização cultural e linguística, melhorar os sistemas inter-geracionais de partilha de conhecimento e preservar digitalmente o património cultural e o conhecimento sobre as terras ancestrais do povo indígena Endorois».
O projeto tem tido um enorme impacto na comunidade, em grande parte devido ao modelo de recolha e preservação de conhecimento que as organizações desenvolveram: guiado por princípios de sensibilidade cultural e apostado na capacitação dos participantes. Ao longo do projecto, jovens membros da comunidade Endorois adquiriram competências sobre como entrevistar, e aprenderam técnicas que lhes permitem registar e arquivar o conhecimento tradicional da sua comunidade. Mas, sobretudo, o projecto promoveu diálogos importantes entre estes jovens e os anciãos da comunidade, aprofundou os laços que unem estas gerações, e contribuiu assim de forma decisiva para que a riquíssima herança cultural dos Endorois seja protegida.
A cerimónia muito especial para a qual fomos convidados, organizada pela JAC e pela GWC, procurou celebrar a conclusão do trabalho realizado pelo primeiro grupo de pares intergeracionais que participaram no projecto. Como não podia deixar de ser, serviu também como uma homenagem muito sentida aos anciãos Endorois, e como uma ocasião para juntar (quase) toda a comunidade numa celebração da sua cultura.
É difícil encontrar as palavras certas para descrever este encontro. Mas temos a certeza que nos permitiu compreender de outra forma o que significa realmente apoiar a comunidade Endorois. Permitiu-nos aprender, no local e conversando olhos nos olhos, sobre as necessidades e aspirações que atravessam a comunidade. E esta experiência reforçou, por isso, o nosso compromisso com a sua causa, com o seu bem-estar e com a preservação do seu modo de vida.
Com esta cerimónia, ficámos a perceber o quão impactante pode ser um projeto de preservação cultural numa comunidade. É frequente considerar a preservação cultural como uma área secundária, especialmente em comunidades onde faltam hospitais, escolas ou mesmo água potável. Mas proteger e revitalizar essa cultura, esse conhecimento, possibilita a coesão e unidade da comunidade, num momento em que volta a enfrentar ameaças de expulsão forçada das suas terras. Inclui nessa preservação o conhecimento medicinal, onde faltam hospitais. Faz reemergir o conhecimento ecológico tradicional, quando ainda se fazem sentir as consequências do colonialismo ao nível do ambiente, e onde espécies invasoras continuam a causar impactos negativos muito severos. Na verdade, este tipo de projetos é também urgente, e necessário, e não deve ser subvalorizado.
Foi de uma enorme beleza, esta cerimónia nas margens do Lago Bogoria, local que carrega um profundo significado espiritual para os Endorois. A JAC e a GWC organizaram autocarros para transportar membros da comunidade que vivem espalhados por toda a região, incluindo um número muito significativo de jovens e anciãos. Alguns deles octogenários, ou até mesmo centenários, mas que não deixaram de viajar alegremente durante 4 ou 5 horas, apesar da poeira, dos solavancos e do calor imenso. Chegaram nos seus trajes tradicionais, muito entusiasmados por se encontrarem com o resto da comunidade, uma vez que uma reunião desta envergadura não acontecia há muito tempo, segundo nos disse Carson Kiburo.
Bênçãos solenes e orações dos anciãos marcaram o início das celebrações, seguidas de um verdadeiro banquete, repleto de receitas tradicionais dos Endorois. Depois, assistimos a canções e danças tradicionais, recebidas com grande animação pela comunidade. Ficámos particularmente tocados com a canção e dança apresentadas de forma muito especial por um grupo de mulheres como agradecimento às duas organizações que desenvolveram o projeto e organizaram o evento. Outros pontos altos da cerimónia incluíram a entrega dos diplomas aos jovens que participaram no projecto, a oferta de mantos Shuka, feitos à medida, para cada um dos anciãos envolvidos, e os discursos inspiradores de vários membros da comunidade, de líderes de organizações Endorois e da Comissária para a Igualdade de Género do condado de Baringo.
O comité comunitário, montado pela JAC e pela GWC para organizar o evento, também convidou comunidades vizinhas. Os Ilchamus marcaram presença, com uma extraordinária dança tradicional, e estiveram também membros da comunidade Ogiek, que continua a ser expulsa de forma muito violenta da floresta de Mau, terra que já habitava antes do Quénia ser Quénia.
Há muito que não cabe numa descrição por escrito destes momentos. Mas podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que os sentimentos de orgulho e de pertença estiveram sempre em primeiro plano.
O efeito transformador que o projecto teve nos anciãos e nos jovens deixou-nos verdadeiramente comovidos. Como nos contou Carson Kiburo, e como facilmente testemunhámos, os anciãos sentiram-se realmente vistos, valorizados, respeitados. Entre os jovens, fortaleceram-se sentimentos de identidade, de pertença e de propósito, numa altura em que começam a jornada que um dia os vai levar a assumir papéis de liderança na comunidade.
Mesmo que a cerimónia tenha sido conduzida quase integralmente na língua Endorois, sentimo-nos totalmente ligados ao espírito do momento (também graças à tradução muito atenciosa de um dos jovens participantes do projecto).
Durante a tarde, já depois da cerimónia, visitámos o Lago Bogoria, onde foi possível testemunhar a devastação causada pelas inundações devido à subida do nível das águas. É difícil imaginar o impacto destes fenómenos climáticos, espacialmente para uma comunidade que tem sido sistematicamente marginalizada. A única estrada que conduzia ao Parque Natural do Lago Bogoria estava submersa, assim como inúmeras casas, o centro cultural e outras infraestruturas essenciais. Os membros da comunidade que nos acompanharam nesta visita disseram-nos que os modelos e previsões climáticas apontam para uma subida ainda maior do nível das águas, o que necessariamente implica novos deslocamentos para famílias Endorois.
Também temos de destacar o nosso encontro com Christine Kandie, líder da EIWEN (outra organização Endorois apoiada pela Azimuth). Foi logo durante o nosso primeiro dia no Quénia, em Nairobi, onde Christine se tinha reunido com parceiros de uma rede de organizações indígenas. Um encontro que nos deixou ainda mais inspirados pelo seu trabalho incansável de defesa dos direitos indígenas.
Christine falou-nos sobre as iniciativas mais recentes da EIWEN, incluindo uma parceria com a IFES, através da qual mulheres indígenas vão ser capacitadas ao nível da liderança política e comunitária. Falou-nos também sobre a marcha do dia anterior, que tinha juntado Endorois e Ogiek em Nairobi, onde exigiram que o governo implemente as disposições emitidas pelas Comissão Africana há já vários anos, e segundo as quais a expulsão destas comunidades das suas terras ancestrais foi ilegal. Esta marcha é mais uma prova da luta muitíssimo árdua que as comunidades indígenas enfrentam para ver as suas terras reconhecidas, e as suas comunidades compensadas por expulsões indevidas.
External Link
Kenya’s Indigenous communities demand action on land rights | New Internationalist
https://newint.org/kenya-indigenous-demand-land-rights
Christine também nos falou sobre o trabalho da EIWEN em várias outras áreas: Titulação de terras; O lançamento do Protocolo Biocultural Endorois; Projetos agrícolas através dos quais se tem tentado aumentar a produtividade dos solos em redor do Lago Bogoria; Mitigação dos impactos das mudanças climáticas; Formação para pessoas com deficiência; Criação de um Programa de Voluntários de Saúde no Condado de Baringo. Um grande número de iniciativas que demonstram o potencial de uma abordagem holística, focada no fortalecimento e capacitação da comunidade. Christine dedica-se totalmente à promoção dos direitos indígenas, e os seus esforços para criar alianças com movimentos indígenas globais demonstram a importância de apoiar as lideranças indígenas nesse processo.
Regressamos do Lago Bogoria com um renovado sentido de propósito, e imensamente gratos por fazermos parte de um projeto tão importante. Seguimos firmes no nosso apoio a iniciativas como o Revitalize the Roots, e na defesa dos direitos dos povos indígenas.
Só nos resta mesmo dizer Kongoi, «obrigado» na língua Endorois.
No Lago Bogoria, celebrámos o conhecimento e identidade do Povo Endorois
A equipa da Azimuth acaba de regressar de uma viagem de cinco dias ao Quénia, onde foi recebida pela comunidade Endorois.
Esta viagem ao Lago Bogoria, terra ancestral do povo Endorois, partiu de um convite de Carson Kiburo e Dominica Zhu, líderes das organizações Jamii Asilia Center (JAC) e Global Wisdom Collective (GWC). Um convite que nos deixou muito sensibilizados, e que se segue ao evento paralelo que organizámos em conjunto durante a edição de 2023 do Fórum Permanente das Nações Unidas para Questões Indígenas, em Nova Iorque.
Crédito: Global Wisdom Collective & Jamii Asilia Centre
A JAC e a GWC têm vindo a colaborar no desenvolvimento e implementação do projeto «Revitalize the Roots: Bikap Torois», financiado pela Azimuth. Um projeto que é um dos ramos da inciativa Revitalize the Roots, criada pela Global Wisdom Collective tendo em vista a preservação do conhecimento indígena. Bikap Torois (que significa Povo de Torois), foi o nome escolhido para este capítulo, desenvolvido em colaboração com a Jamii Asilia Centre, organização criada por jovens indígenas do Povo Endorois. Desde 2023, as duas organizações têm procurado «desenvolver e implementar um modelo de revitalização cultural e linguística, melhorar os sistemas inter-geracionais de partilha de conhecimento e preservar digitalmente o património cultural e o conhecimento sobre as terras ancestrais do povo indígena Endorois».
O projeto tem tido um enorme impacto na comunidade, em grande parte devido ao modelo de recolha e preservação de conhecimento que as organizações desenvolveram: guiado por princípios de sensibilidade cultural e apostado na capacitação dos participantes. Ao longo do projecto, jovens membros da comunidade Endorois adquiriram competências sobre como entrevistar, e aprenderam técnicas que lhes permitem registar e arquivar o conhecimento tradicional da sua comunidade. Mas, sobretudo, o projecto promoveu diálogos importantes entre estes jovens e os anciãos da comunidade, aprofundou os laços que unem estas gerações, e contribuiu assim de forma decisiva para que a riquíssima herança cultural dos Endorois seja protegida.
A cerimónia muito especial para a qual fomos convidados, organizada pela JAC e pela GWC, procurou celebrar a conclusão do trabalho realizado pelo primeiro grupo de pares intergeracionais que participaram no projecto. Como não podia deixar de ser, serviu também como uma homenagem muito sentida aos anciãos Endorois, e como uma ocasião para juntar (quase) toda a comunidade numa celebração da sua cultura.
É difícil encontrar as palavras certas para descrever este encontro. Mas temos a certeza que nos permitiu compreender de outra forma o que significa realmente apoiar a comunidade Endorois. Permitiu-nos aprender, no local e conversando olhos nos olhos, sobre as necessidades e aspirações que atravessam a comunidade. E esta experiência reforçou, por isso, o nosso compromisso com a sua causa, com o seu bem-estar e com a preservação do seu modo de vida.
Com esta cerimónia, ficámos a perceber o quão impactante pode ser um projeto de preservação cultural numa comunidade. É frequente considerar a preservação cultural como uma área secundária, especialmente em comunidades onde faltam hospitais, escolas ou mesmo água potável. Mas proteger e revitalizar essa cultura, esse conhecimento, possibilita a coesão e unidade da comunidade, num momento em que volta a enfrentar ameaças de expulsão forçada das suas terras. Inclui nessa preservação o conhecimento medicinal, onde faltam hospitais. Faz reemergir o conhecimento ecológico tradicional, quando ainda se fazem sentir as consequências do colonialismo ao nível do ambiente, e onde espécies invasoras continuam a causar impactos negativos muito severos. Na verdade, este tipo de projetos é também urgente, e necessário, e não deve ser subvalorizado.
Foi de uma enorme beleza, esta cerimónia nas margens do Lago Bogoria, local que carrega um profundo significado espiritual para os Endorois. A JAC e a GWC organizaram autocarros para transportar membros da comunidade que vivem espalhados por toda a região, incluindo um número muito significativo de jovens e anciãos. Alguns deles octogenários, ou até mesmo centenários, mas que não deixaram de viajar alegremente durante 4 ou 5 horas, apesar da poeira, dos solavancos e do calor imenso. Chegaram nos seus trajes tradicionais, muito entusiasmados por se encontrarem com o resto da comunidade, uma vez que uma reunião desta envergadura não acontecia há muito tempo, segundo nos disse Carson Kiburo.
Bênçãos solenes e orações dos anciãos marcaram o início das celebrações, seguidas de um verdadeiro banquete, repleto de receitas tradicionais dos Endorois. Depois, assistimos a canções e danças tradicionais, recebidas com grande animação pela comunidade. Ficámos particularmente tocados com a canção e dança apresentadas de forma muito especial por um grupo de mulheres como agradecimento às duas organizações que desenvolveram o projeto e organizaram o evento. Outros pontos altos da cerimónia incluíram a entrega dos diplomas aos jovens que participaram no projecto, a oferta de mantos Shuka, feitos à medida, para cada um dos anciãos envolvidos, e os discursos inspiradores de vários membros da comunidade, de líderes de organizações Endorois e da Comissária para a Igualdade de Género do condado de Baringo.
O comité comunitário, montado pela JAC e pela GWC para organizar o evento, também convidou comunidades vizinhas. Os Ilchamus marcaram presença, com uma extraordinária dança tradicional, e estiveram também membros da comunidade Ogiek, que continua a ser expulsa de forma muito violenta da floresta de Mau, terra que já habitava antes do Quénia ser Quénia.
Há muito que não cabe numa descrição por escrito destes momentos. Mas podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que os sentimentos de orgulho e de pertença estiveram sempre em primeiro plano.
O efeito transformador que o projecto teve nos anciãos e nos jovens deixou-nos verdadeiramente comovidos. Como nos contou Carson Kiburo, e como facilmente testemunhámos, os anciãos sentiram-se realmente vistos, valorizados, respeitados. Entre os jovens, fortaleceram-se sentimentos de identidade, de pertença e de propósito, numa altura em que começam a jornada que um dia os vai levar a assumir papéis de liderança na comunidade.
Mesmo que a cerimónia tenha sido conduzida quase integralmente na língua Endorois, sentimo-nos totalmente ligados ao espírito do momento (também graças à tradução muito atenciosa de um dos jovens participantes do projecto).
Durante a tarde, já depois da cerimónia, visitámos o Lago Bogoria, onde foi possível testemunhar a devastação causada pelas inundações devido à subida do nível das águas. É difícil imaginar o impacto destes fenómenos climáticos, espacialmente para uma comunidade que tem sido sistematicamente marginalizada. A única estrada que conduzia ao Parque Natural do Lago Bogoria estava submersa, assim como inúmeras casas, o centro cultural e outras infraestruturas essenciais. Os membros da comunidade que nos acompanharam nesta visita disseram-nos que os modelos e previsões climáticas apontam para uma subida ainda maior do nível das águas, o que necessariamente implica novos deslocamentos para famílias Endorois.
Também temos de destacar o nosso encontro com Christine Kandie, líder da EIWEN (outra organização Endorois apoiada pela Azimuth). Foi logo durante o nosso primeiro dia no Quénia, em Nairobi, onde Christine se tinha reunido com parceiros de uma rede de organizações indígenas. Um encontro que nos deixou ainda mais inspirados pelo seu trabalho incansável de defesa dos direitos indígenas.
Christine falou-nos sobre as iniciativas mais recentes da EIWEN, incluindo uma parceria com a IFES, através da qual mulheres indígenas vão ser capacitadas ao nível da liderança política e comunitária. Falou-nos também sobre a marcha do dia anterior, que tinha juntado Endorois e Ogiek em Nairobi, onde exigiram que o governo implemente as disposições emitidas pelas Comissão Africana há já vários anos, e segundo as quais a expulsão destas comunidades das suas terras ancestrais foi ilegal. Esta marcha é mais uma prova da luta muitíssimo árdua que as comunidades indígenas enfrentam para ver as suas terras reconhecidas, e as suas comunidades compensadas por expulsões indevidas.
External Link
Kenya’s Indigenous communities demand action on land rights | New Internationalist
https://newint.org/kenya-indigenous-demand-land-rights
Christine também nos falou sobre o trabalho da EIWEN em várias outras áreas: Titulação de terras; O lançamento do Protocolo Biocultural Endorois; Projetos agrícolas através dos quais se tem tentado aumentar a produtividade dos solos em redor do Lago Bogoria; Mitigação dos impactos das mudanças climáticas; Formação para pessoas com deficiência; Criação de um Programa de Voluntários de Saúde no Condado de Baringo. Um grande número de iniciativas que demonstram o potencial de uma abordagem holística, focada no fortalecimento e capacitação da comunidade. Christine dedica-se totalmente à promoção dos direitos indígenas, e os seus esforços para criar alianças com movimentos indígenas globais demonstram a importância de apoiar as lideranças indígenas nesse processo.
Regressamos do Lago Bogoria com um renovado sentido de propósito, e imensamente gratos por fazermos parte de um projeto tão importante. Seguimos firmes no nosso apoio a iniciativas como o Revitalize the Roots, e na defesa dos direitos dos povos indígenas.
Só nos resta mesmo dizer Kongoi, «obrigado» na língua Endorois.