Fortalecer a Liderança Indígena na East Africa Philanthropy Conference

Em junho de 2025, a Azimuth World Foundation participou na 9ª East Africa Philanthropy Conference, em Kigali, no Ruanda. Ao nosso lado estiveram Richard Ntakirutimana e Alex Ahimbisibwe, diretores executivos da AIMPO e da BIDO, respetivamente. A Azimuth foi representada pela nossa Coordenadora Regional para África, Jacque Macharia.
O evento, que reuniu mais de 500 organizações de 35 países, procurou debater as respostas da filantropia a um contexto global imprevisível, em acelerada transformação. Sob o tema “Agile Philanthropy”, debateram-se modelos de financiamento alinhados com aquele que procuramos seguir na Azimuth, modelos através dos quais a filantropia promova a interdependência, ao invés da dependência.
Ao longo das várias sessões, pudemos reflectir sobre questões em torno deste modelo de filantropia: Como garantir o apoio a iniciativas concebidas pela comunidade, e não a projectos definidos pelas prioridades do financiador? Como podem as comunidades assumir um papel estruturante no trabalho de desenvolvimento, em vez de serem apenas recipientes de ajuda externa? Como podemos seguir definições de desenvolvimento propostas e aceites pelas próprias comunidades?
As soluções impostas são um problema
Há um exemplo, que nos foi contado por Alex, que ajuda a compreender porque falham os projectos que não são concebidos pela própria comunidade. Uma ONG tentou implementar um projecto agrícola na sua comunidade Batwa, no Uganda, sem consultar previamente a comunidade.
“Nós levantámos várias questões: ‘Porque acham que este projeto é que vai promover o desenvolvimento da nossa comunidade? Porque não vêm sentar-se connosco? Nós queremos conversar convosco e dizer-vos o que nós achamos que pode contribuir para o desenvolvimento. Nós achamos que este projecto, implementado assim, não vai resultar.‘”
Na resposta da organização a estes pedidos da comunidade, ficam bem claras as dinâmicas de poder em jogo: “Nós somos uma organização. Nós desenhamos os projectos e tomamos as decisões. É o nosso dinheiro que vai ser usado”. O projeto não durou um mês.
Um projecto falhado, que ilustra bem porque é que a maioria dos projetos de desenvolvimento não sobrevive para além dos ciclos iniciais de financiamento. Quando as comunidades não são responsáveis pela concepção do projeto, é muito difícil sentirem-se envolvidas, e as iniciativas acabam por não funcionar. A comunidade é vista como recipiente de ajuda, e não como agente de mudança. É a ideia de uma comunidade passiva ou activa que está em causa. Um projecto não pode funcionar se o conhecimento, o contexto e a motivação da comunidade são ignorados.
Sem garantir a adesão da comunidade desde o primeiro momento, os projetos colapsam mal escasseia o apoio externo.
Richard identificou um padrão semelhante no trabalho desenvolvido pela sua organização Batwa, a AIMPO, no Ruanda: “Consigo perceber que quando desenhamos e implementamos um projecto, ainda somos por vezes levados a seguir a agenda e as prioridades ditadas pelos financiadores.”
Esta afirmação mostra como até mesmo as organizações indígenas são levadas a seguir abordagens ditadas pelos financiadores, especialmente quando a viabilidade do financiamento assenta em resultados pré-determinados por quem financia.

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Alex Ahimbisibwe (Batwa), director executivo da BIDO
Critérios de avaliação definidos pela comunidade
Richard também fez um comentário muito relevante sobre a medição de impacto dos projectos, e que revela uma outra lacuna comum no trabalho de desenvolvimento: “Quando recolhemos dados junto de quem participa nos projectos da AIMPO, será que essa informação é utilizada no âmbito de um sistema de medição de impacto concebido por nós? Eu penso que ainda não desenvolvemos realmente o nosso próprio sistema de medição de impacto”.
E assim podemos ver como, frequentemente, a definição de sucesso não parte da comunidade. O que observamos actualmente e de forma muito significativa no trabalho de desenvolvimento é que as comunidades são muitas vezes obrigadas a provar o seu valor de acordo com métricas definidas externamente.
Para uma comunidade, sucesso pode significar, por exemplo, um reforço das práticas culturais. Pode significar mudanças nas dinâmicas entre diferentes gerações, ou uma maior capacidade para tomar decisões colectivamente. Mas o mais comum é serem pedidos relatórios onde conste o “número de pessoas que fizeram formação”, ou a “percentagem de aumento dos rendimentos”.
Quando as comunidades concebem as suas próprias métricas de sucesso, estas permitem realmente acompanhar o progresso no que se refere aos objectivos a longo prazo que a comunidade definiu para si mesma. Assim, avanços na preservação cultural acompanham indicadores económicos, os níveis de coesão social acompanham resultados individuais, a prestação de serviços é avaliada também segundo o nível de agência comunitária.
Critérios de avaliação e métricas concebidos pela comunidade também acabam por levar ao desenvolvimento de mecanismos de responsabilização, que podem ser monitorizados e ajustados pela comunidade ao longo do tempo.
Pôr em prática uma filantropia assente na confiança mútua
Sessões sobre a chamada “Trust-based Philanthropy” foram particularmente importantes para os nossos parceiros, que trabalham junto das suas comunidades Batwa. Há décadas que os Batwa são sistematicamente afastados da tomada de decisões, o que não só gerou uma profunda desconfiança em relação às intervenções externas, como levou estas comunidades a deixarem de acreditar nas suas próprias capacidades decisórias.
Pode ser considerado um dos legados mais perniciosos do colonialismo, este processo de erosão da confiança na sabedoria comunitária. Quando as opiniões de peritos externos se sobrepõem sistematicamente ao conhecimento local, as comunidades tendem a interiorizar a desvalorização dos seus saberes.
Para que a filantropia seja de facto assente na confiança, há que trabalhar para que as comunidades se sintam confiantes no momento de tomarem as suas próprias decisões, ao mesmo tempo que as soluções desenhadas e implementadas pela comunidade são apoiadas segundo mecanismos flexíveis de financiamento.
Alex saiu da sua primeira conferência desta dimensão confiante na abordagem adoptada pela BIDO, e que é totalmente centrada na comunidade. Mas não deixou de salientar que esta foi uma oportunidade para identificar áreas onde a organização pode melhorar: “Sinto que estas sessões validaram a abordagem que temos seguido junto da comunidade, mas também me permitiram refletir sobre alguns aspectos que podem capacitar ainda mais os Batwa, para que estes sejam capazes de construir a sua própria visão do futuro.”
E o que significa conseguir este nível de capacitação? Significa que a comunidade, para além de controlar a execução do projeto, é também responsável por definir os objectivos, o calendário e os critérios de avaliação. Significa que o financiamento passa a responder às prioridades da comunidade, e não aos interesses dos financiadores. Significa que as comunidades, ao aprenderem lições através da experiência de execução do projecto, têm acesso aos recursos, e dispõem da autoridade, para alterar os planos.
Responder a múltiplos desafios simultâneos
Para Richard, os projectos isolados têm tendência a falhar. Porquê? “Temos demasiados problemas simultâneos, interligados. Se nos focamos apenas numa questão, acabamos por falhar .”
Esta afirmação vai contra o modelo de financiamento a projetos singulares, que tende a prevalecer no trabalho de desenvolvimento. Para uma comunidade, é impossível separar os seus problemas do dia-a-dia em área temáticas, como “água”, “educação” ou “saúde”. Quando uma família só tem acesso a água contaminada, isso reflecte-se de imediato na sua situação económica, a saúde é afectada a vários níveis, a ida das crianças à escola é afectada pelo tempo necessário para procurar água, e os conflitos na sociedade são muito exacerbados pela escassez de recursos básicos.
Mecanismos de financiamento flexíveis e de longo prazo permitem às comunidades responder a estes vários desafios simultâneos, à medida que diferentes necessidades vão surgindo. Um projeto de acesso a água pode implicar formação na resolução de conflitos, por exemplo. Ou uma iniciativa educativa pode conjugar a transmissão de conhecimentos ecológicos tradicionais e objectivos de desenvolvimento económico.
Só assim se pode contribuir para que as comunidades consigam responder ao conjunto dos desafios presentes no seu contexto, e não a objectivos delimitados artificialmente pelo âmbito de um projecto singular e monotemático.
Expandir redes, fortalecer capacidades
Para os nossos parceiros, esta conferência foi também uma importante oportunidade para estabelecer pontes com outras organizações e financiadores. Richard está agora em contacto com organizações da Tanzânia, do Quénia e do Burundi, que podem vir a contribuir de diversas formas para o projeto de fabrico de filtros de água cerâmicos, que a AIMPO tem vindo a desenvolver.
Para Alex, estes dias permitiram uma compreensão mais profunda do campo da filantropia como um todo, mas também reforçaram a sua confiança quanto à abordagem que tem procurado implementar no trabalho da BIDO.
Mas devemos também referir que participar na conferência nos relembrou as lacunas ainda existentes no sector do desenvolvimento, no que se refere ao trabalho com comunidades indígenas. A verdade é que, neste ponto, é ainda frequente a falta de sensibilidade cultural. Em muitas sessões procurou-se discutir “o envolvimento da comunidade” sem a presença de vozes indígenas. Por vezes, falou-se de “controlo e gestão local”, quando o que estava em causa eram organizações intermediárias não indígenas.
Cada um dos nossos parceiros procurou escolher cinco tópicos-chave, que vão tentar integrar no trabalho das suas organizações. Para a Azimuth, as conversas que tivemos em Kigali vão ajudar-nos a continuar a definir e a melhorar a nossa abordagem enquanto organização. Voltamos com as nossas convicções reforçadas: uma filantropia eficaz requer recursos financeiros, a capacidade de ouvir, parcerias genuínas e compromissos inflexíveis para com a autodeterminação e capacidade de liderança das comunidades indígenas.
Mas o mais importante é que estas conversas confirmaram o que ambos os nossos parceiros, líderes comunitários, já sabiam: são as suas próprias comunidades que podem desenvolver as soluções para os desafios que enfrentam.
O papel do apoio externo é fornecer recursos e remover obstáculos, não conceber soluções ou definir os parâmetros do sucesso.
Fortalecer a Liderança Indígena na East Africa Philanthropy Conference

Em junho de 2025, a Azimuth World Foundation participou na 9ª East Africa Philanthropy Conference, em Kigali, no Ruanda. Ao nosso lado estiveram Richard Ntakirutimana e Alex Ahimbisibwe, diretores executivos da AIMPO e da BIDO, respetivamente. A Azimuth foi representada pela nossa Coordenadora Regional para África, Jacque Macharia.
O evento, que reuniu mais de 500 organizações de 35 países, procurou debater as respostas da filantropia a um contexto global imprevisível, em acelerada transformação. Sob o tema “Agile Philanthropy”, debateram-se modelos de financiamento alinhados com aquele que procuramos seguir na Azimuth, modelos através dos quais a filantropia promova a interdependência, ao invés da dependência.
Ao longo das várias sessões, pudemos reflectir sobre questões em torno deste modelo de filantropia: Como garantir o apoio a iniciativas concebidas pela comunidade, e não a projectos definidos pelas prioridades do financiador? Como podem as comunidades assumir um papel estruturante no trabalho de desenvolvimento, em vez de serem apenas recipientes de ajuda externa? Como podemos seguir definições de desenvolvimento propostas e aceites pelas próprias comunidades?
As soluções impostas são um problema
Há um exemplo, que nos foi contado por Alex, que ajuda a compreender porque falham os projectos que não são concebidos pela própria comunidade. Uma ONG tentou implementar um projecto agrícola na sua comunidade Batwa, no Uganda, sem consultar previamente a comunidade.
“Nós levantámos várias questões: ‘Porque acham que este projeto é que vai promover o desenvolvimento da nossa comunidade? Porque não vêm sentar-se connosco? Nós queremos conversar convosco e dizer-vos o que nós achamos que pode contribuir para o desenvolvimento. Nós achamos que este projecto, implementado assim, não vai resultar.‘”
Na resposta da organização a estes pedidos da comunidade, ficam bem claras as dinâmicas de poder em jogo: “Nós somos uma organização. Nós desenhamos os projectos e tomamos as decisões. É o nosso dinheiro que vai ser usado”. O projeto não durou um mês.
Um projecto falhado, que ilustra bem porque é que a maioria dos projetos de desenvolvimento não sobrevive para além dos ciclos iniciais de financiamento. Quando as comunidades não são responsáveis pela concepção do projeto, é muito difícil sentirem-se envolvidas, e as iniciativas acabam por não funcionar. A comunidade é vista como recipiente de ajuda, e não como agente de mudança. É a ideia de uma comunidade passiva ou activa que está em causa. Um projecto não pode funcionar se o conhecimento, o contexto e a motivação da comunidade são ignorados.
Sem garantir a adesão da comunidade desde o primeiro momento, os projetos colapsam mal escasseia o apoio externo.
Richard identificou um padrão semelhante no trabalho desenvolvido pela sua organização Batwa, a AIMPO, no Ruanda: “Consigo perceber que quando desenhamos e implementamos um projecto, ainda somos por vezes levados a seguir a agenda e as prioridades ditadas pelos financiadores.”
Esta afirmação mostra como até mesmo as organizações indígenas são levadas a seguir abordagens ditadas pelos financiadores, especialmente quando a viabilidade do financiamento assenta em resultados pré-determinados por quem financia.

WhatsApp Image 2025-06-12 at 08.55.56
Alex Ahimbisibwe (Batwa), director executivo da BIDO
Critérios de avaliação definidos pela comunidade
Richard também fez um comentário muito relevante sobre a medição de impacto dos projectos, e que revela uma outra lacuna comum no trabalho de desenvolvimento: “Quando recolhemos dados junto de quem participa nos projectos da AIMPO, será que essa informação é utilizada no âmbito de um sistema de medição de impacto concebido por nós? Eu penso que ainda não desenvolvemos realmente o nosso próprio sistema de medição de impacto”.
E assim podemos ver como, frequentemente, a definição de sucesso não parte da comunidade. O que observamos actualmente e de forma muito significativa no trabalho de desenvolvimento é que as comunidades são muitas vezes obrigadas a provar o seu valor de acordo com métricas definidas externamente.
Para uma comunidade, sucesso pode significar, por exemplo, um reforço das práticas culturais. Pode significar mudanças nas dinâmicas entre diferentes gerações, ou uma maior capacidade para tomar decisões colectivamente. Mas o mais comum é serem pedidos relatórios onde conste o “número de pessoas que fizeram formação”, ou a “percentagem de aumento dos rendimentos”.
Quando as comunidades concebem as suas próprias métricas de sucesso, estas permitem realmente acompanhar o progresso no que se refere aos objectivos a longo prazo que a comunidade definiu para si mesma. Assim, avanços na preservação cultural acompanham indicadores económicos, os níveis de coesão social acompanham resultados individuais, a prestação de serviços é avaliada também segundo o nível de agência comunitária.
Critérios de avaliação e métricas concebidos pela comunidade também acabam por levar ao desenvolvimento de mecanismos de responsabilização, que podem ser monitorizados e ajustados pela comunidade ao longo do tempo.
Pôr em prática uma filantropia assente na confiança mútua
Sessões sobre a chamada “Trust-based Philanthropy” foram particularmente importantes para os nossos parceiros, que trabalham junto das suas comunidades Batwa. Há décadas que os Batwa são sistematicamente afastados da tomada de decisões, o que não só gerou uma profunda desconfiança em relação às intervenções externas, como levou estas comunidades a deixarem de acreditar nas suas próprias capacidades decisórias.
Pode ser considerado um dos legados mais perniciosos do colonialismo, este processo de erosão da confiança na sabedoria comunitária. Quando as opiniões de peritos externos se sobrepõem sistematicamente ao conhecimento local, as comunidades tendem a interiorizar a desvalorização dos seus saberes.
Para que a filantropia seja de facto assente na confiança, há que trabalhar para que as comunidades se sintam confiantes no momento de tomarem as suas próprias decisões, ao mesmo tempo que as soluções desenhadas e implementadas pela comunidade são apoiadas segundo mecanismos flexíveis de financiamento.
Alex saiu da sua primeira conferência desta dimensão confiante na abordagem adoptada pela BIDO, e que é totalmente centrada na comunidade. Mas não deixou de salientar que esta foi uma oportunidade para identificar áreas onde a organização pode melhorar: “Sinto que estas sessões validaram a abordagem que temos seguido junto da comunidade, mas também me permitiram refletir sobre alguns aspectos que podem capacitar ainda mais os Batwa, para que estes sejam capazes de construir a sua própria visão do futuro.”
E o que significa conseguir este nível de capacitação? Significa que a comunidade, para além de controlar a execução do projeto, é também responsável por definir os objectivos, o calendário e os critérios de avaliação. Significa que o financiamento passa a responder às prioridades da comunidade, e não aos interesses dos financiadores. Significa que as comunidades, ao aprenderem lições através da experiência de execução do projecto, têm acesso aos recursos, e dispõem da autoridade, para alterar os planos.
Responder a múltiplos desafios simultâneos
Para Richard, os projectos isolados têm tendência a falhar. Porquê? “Temos demasiados problemas simultâneos, interligados. Se nos focamos apenas numa questão, acabamos por falhar .”
Esta afirmação vai contra o modelo de financiamento a projetos singulares, que tende a prevalecer no trabalho de desenvolvimento. Para uma comunidade, é impossível separar os seus problemas do dia-a-dia em área temáticas, como “água”, “educação” ou “saúde”. Quando uma família só tem acesso a água contaminada, isso reflecte-se de imediato na sua situação económica, a saúde é afectada a vários níveis, a ida das crianças à escola é afectada pelo tempo necessário para procurar água, e os conflitos na sociedade são muito exacerbados pela escassez de recursos básicos.
Mecanismos de financiamento flexíveis e de longo prazo permitem às comunidades responder a estes vários desafios simultâneos, à medida que diferentes necessidades vão surgindo. Um projeto de acesso a água pode implicar formação na resolução de conflitos, por exemplo. Ou uma iniciativa educativa pode conjugar a transmissão de conhecimentos ecológicos tradicionais e objectivos de desenvolvimento económico.
Só assim se pode contribuir para que as comunidades consigam responder ao conjunto dos desafios presentes no seu contexto, e não a objectivos delimitados artificialmente pelo âmbito de um projecto singular e monotemático.
Expandir redes, fortalecer capacidades
Para os nossos parceiros, esta conferência foi também uma importante oportunidade para estabelecer pontes com outras organizações e financiadores. Richard está agora em contacto com organizações da Tanzânia, do Quénia e do Burundi, que podem vir a contribuir de diversas formas para o projeto de fabrico de filtros de água cerâmicos, que a AIMPO tem vindo a desenvolver.
Para Alex, estes dias permitiram uma compreensão mais profunda do campo da filantropia como um todo, mas também reforçaram a sua confiança quanto à abordagem que tem procurado implementar no trabalho da BIDO.
Mas devemos também referir que participar na conferência nos relembrou as lacunas ainda existentes no sector do desenvolvimento, no que se refere ao trabalho com comunidades indígenas. A verdade é que, neste ponto, é ainda frequente a falta de sensibilidade cultural. Em muitas sessões procurou-se discutir “o envolvimento da comunidade” sem a presença de vozes indígenas. Por vezes, falou-se de “controlo e gestão local”, quando o que estava em causa eram organizações intermediárias não indígenas.
Cada um dos nossos parceiros procurou escolher cinco tópicos-chave, que vão tentar integrar no trabalho das suas organizações. Para a Azimuth, as conversas que tivemos em Kigali vão ajudar-nos a continuar a definir e a melhorar a nossa abordagem enquanto organização. Voltamos com as nossas convicções reforçadas: uma filantropia eficaz requer recursos financeiros, a capacidade de ouvir, parcerias genuínas e compromissos inflexíveis para com a autodeterminação e capacidade de liderança das comunidades indígenas.
Mas o mais importante é que estas conversas confirmaram o que ambos os nossos parceiros, líderes comunitários, já sabiam: são as suas próprias comunidades que podem desenvolver as soluções para os desafios que enfrentam.
O papel do apoio externo é fornecer recursos e remover obstáculos, não conceber soluções ou definir os parâmetros do sucesso.