A construir pontes na conferência da International Funders for Indigenous Peoples

Em fevereiro de 2025, a Azimuth esteve presente na Conferência Global da International Funders for Indigenous Peoples, em Naivasha, no Quénia.

O encontro global de financiadores aconteceu pela primeira vez no continente africano, o que tornou esta edição ainda mais especial.

Um dos aspectos mais marcantes da conferência foi o tempo que pudemos passar com os nossos parceiros Richard Ntakirutimana (AIMPO, Batwa), Christine Kandie (EIWEN, Endorois) e Carson Kiburo (Jamii Asilia Centre, Endorois), procurando apresentar o seu trabalho a financiadores alinhados com a nossa missão, bem como a outras organizações indígenas.

Durante estes dias, pudemos também ficar a conhecer melhor o trabalho extraordinário de alguns fundos indígenas sediados no Brasil, com quem esperamos vir a colaborar no sentido de fortalecer as parcerias que temos em curso com organizações de base indígenas no país.

IFIP POST.001

Um momento de profunda solidariedade entre Richard Ntakirutimana, da AIMPO, e Inimá Krenak, do Fundo Casa, unidos em torno da vontade de preservar as suas culturas, apesar de todos os obstáculos.

Soluções indígenas para enfrentar desafios globais

Um ponto alto da conferência foi a sessão que organizámos em conjunto com os nossos parceiros, e à qual demos o título «Raízes do Futuro: Preservar o Património Batwa e Endorois Para Combater a Perda da Biodiversidade e as Alterações Climáticas».

No Ruanda, Richard sente na pele os impactos da repressão da cultura Batwa. Ao ser acolhido no seio de uma comunidade global, lado a lado com membros de outras comunidades indígenas que respeitam e valorizam a expressão dessa cultura, ficou comovido com o sentimento de solidariedade que encontrou. Um sentimento que tão frequentemente lhe é negado, e que contrasta vincadamente com as restrições impostas aos Batwa no Ruanda.

A convite do Unitarian Universalist Service Committee, a equipa da Azimuth participou também numa sessão que propôs uma troca de experiências entre lideranças indígenas. Um diálogo muito rico, que estabeleceu pontos de contacto entre o trabalho da EIWEN (uma das organizações Endorois com quem temos uma parceria) e a KESAN, uma notável organização indígena da Birmânia.

Para lá do auditório, junto das comunidades

A conferência não se limitou às palestras e apresentações. Durante a viagem, pudemos também visitar algumas comunidades, com as quais fortalecemos laços de aliança.

Regressámos ao Lago Bogoria, onde já tínhamos estado para visitar a comunidade Endorois. Desta vez, Richard acompanhou-nos, e pôde testemunhar o trabalho que a comunidade está a fazer para regenerar este ecossistema, plantando árvores nativas em Sosiche, um local sagrado.

Um importante momento de partilha entre duas comunidades que foram expulsas das suas terras, e cujas tradições apresentam vários pontos de contacto. Apesar de haver diferenças entre a situação dos Batwa e dos Endorois, este momento partilhado na floresta, onde não faltaram a música e danças tradicionais, gerou um genuíno sentimento de pertença e união, que transcendeu fronteiras geográficas.

IFIP POST.003

Visita aos Endorois, nas margens do Lago Bogoria.

Também fomos até à Floresta de Mau, terra ancestral da comunidade Ogiek, que nos recebeu de braços abertos. Aí, pudemos ouvir em primeira mão testemunhos sobre a vitória histórica que a comunidade alcançou, ao ver a sua causa reconhecida pela Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, e sobre o extraordinário trabalho que continuam a desenvolver para proteger o seu território, ameaçado em várias frentes, incluíndo por projetos de créditos de carbono.

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A construir pontes na conferência da International Funders for Indigenous Peoples

Em fevereiro de 2025, a Azimuth esteve presente na Conferência Global da International Funders for Indigenous Peoples, em Naivasha, no Quénia.

O encontro global de financiadores aconteceu pela primeira vez no continente africano, o que tornou esta edição ainda mais especial.

Um dos aspectos mais marcantes da conferência foi o tempo que pudemos passar com os nossos parceiros Richard Ntakirutimana (AIMPO, Batwa), Christine Kandie (EIWEN, Endorois) e Carson Kiburo (Jamii Asilia Centre, Endorois), procurando apresentar o seu trabalho a financiadores alinhados com a nossa missão, bem como a outras organizações indígenas.

Durante estes dias, pudemos também ficar a conhecer melhor o trabalho extraordinário de alguns fundos indígenas sediados no Brasil, com quem esperamos vir a colaborar no sentido de fortalecer as parcerias que temos em curso com organizações de base indígenas no país.

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Um momento de profunda solidariedade entre Richard Ntakirutimana, da AIMPO, e Inimá Krenak, do Fundo Casa, unidos em torno da vontade de preservar as suas culturas, apesar de todos os obstáculos.

Soluções indígenas para enfrentar desafios globais

Um ponto alto da conferência foi a sessão que organizámos em conjunto com os nossos parceiros, e à qual demos o título «Raízes do Futuro: Preservar o Património Batwa e Endorois Para Combater a Perda da Biodiversidade e as Alterações Climáticas».

No Ruanda, Richard sente na pele os impactos da repressão da cultura Batwa. Ao ser acolhido no seio de uma comunidade global, lado a lado com membros de outras comunidades indígenas que respeitam e valorizam a expressão dessa cultura, ficou comovido com o sentimento de solidariedade que encontrou. Um sentimento que tão frequentemente lhe é negado, e que contrasta vincadamente com as restrições impostas aos Batwa no Ruanda.

A convite do Unitarian Universalist Service Committee, a equipa da Azimuth participou também numa sessão que propôs uma troca de experiências entre lideranças indígenas. Um diálogo muito rico, que estabeleceu pontos de contacto entre o trabalho da EIWEN (uma das organizações Endorois com quem temos uma parceria) e a KESAN, uma notável organização indígena da Birmânia.

Para lá do auditório, junto das comunidades

A conferência não se limitou às palestras e apresentações. Durante a viagem, pudemos também visitar algumas comunidades, com as quais fortalecemos laços de aliança.

Regressámos ao Lago Bogoria, onde já tínhamos estado para visitar a comunidade Endorois. Desta vez, Richard acompanhou-nos, e pôde testemunhar o trabalho que a comunidade está a fazer para regenerar este ecossistema, plantando árvores nativas em Sosiche, um local sagrado.

Um importante momento de partilha entre duas comunidades que foram expulsas das suas terras, e cujas tradições apresentam vários pontos de contacto. Apesar de haver diferenças entre a situação dos Batwa e dos Endorois, este momento partilhado na floresta, onde não faltaram a música e danças tradicionais, gerou um genuíno sentimento de pertença e união, que transcendeu fronteiras geográficas.

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Visita aos Endorois, nas margens do Lago Bogoria.

Também fomos até à Floresta de Mau, terra ancestral da comunidade Ogiek, que nos recebeu de braços abertos. Aí, pudemos ouvir em primeira mão testemunhos sobre a vitória histórica que a comunidade alcançou, ao ver a sua causa reconhecida pela Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, e sobre o extraordinário trabalho que continuam a desenvolver para proteger o seu território, ameaçado em várias frentes, incluíndo por projetos de créditos de carbono.

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